terça-feira, 7 de maio de 2013

A PROPÓSITO DE PUBLICIDADE


'Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis,¬ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega!'

Esta é uma frase do artigo DO MUNDO VIRTUAL AO ESPIRITUAL de Frei Betto e serve para confirmar o que aconteceu na Italia, nos anos 90. Vou contar:
O muro tinha caído e os países socialistas, pouco a pouco começaram a se transformar em capitalistas. O consumismo chegou, e com eles, também, a possibilidade de ver os programas das tvs europeias. 

Não foram, porém, os programas em si, mas as publicidades que acompanhavam os programas, a chamarem a atenção daqueles  povos. Automóveis lindos e mulheres maravilhosas, parece que se encontravam gratuitamente pelas estradas... Motocicletas possantes, roupas lindas, bebidas diferentes, tudo era novidade para eles.

Em poucos meses, começaram a chegar, timidamente, do lado de cá do Mar Mediterrâneo, gente muito branca falando línguas desconhecidas. Não eram alemães, aqueles ‘turistas’ sem dinheiro que vagavam pelas ruas das cidades a beira mar como Rimini, Ricione, Cattolica, olhando vetrinis...

Chegavam e ficavam. O pouco dinheiro que tinham trazido acabava em dois dias e, então, saiam procurando trabalho, sabendo dizer, somente ‘tchau’. Acabavam indo trabalhar por metade do salario ganho pelos italianos, arrumando cadeiras e guarda sois nas praias ou indo recolher tomate, melancia ou a fruta que estava na época da colheita.

Isso acontecia, principalmente no norte da Italia, por que no sul, quem chegava eram os africanos, os árabes, e a questão era bem diferente. Logo que descobriram a época da colheita, que dependendo da fruta, começava em maio, se despencavam em naves velhíssimas que não conseguiam atracar em nenhum porto pois se quebravam no meio do mar e a metade deles acabava morrendo afogada.

Nos primeiros anos, nem se notou muito essa realidade, pois os navios eram pequenos e os desastres que combinavam, quase não chegavam na mídia. Com o tempo, os ‘vucumprá” apelido dado aos negros que vendiam tapetes nas praias tentando perguntar em italiano “Vuoi comperare?” (queres comprar?), chegaram ao norte da Itália, atravessaram as fronteiras e...invadiram a Europa.

Eles também chegavam a procura daquela mensagem que a TV passava. Procuravam aquela felicidade que não tinham e em vez acabavam engrossando o numero de desvalidos estrangeiros que começou a preocupar os europeus. Foi assim que começaram a notar essa realidade e a quantidade de navios que afundavam, cheios de gente, antes de chegarem num porto qualquer das ilhas ou da costa italiana.

As ruas começaram a se colorir. A prostituição dos “viados” brasileiros teve que dividir espaço com russas, polacas, africanas...

Os anos passaram e as publicidades acrescentaram os celulares, computadores, ipod, ipad... e as novas gerações queriam isso também. 

Nessas alturas é o caso de perguntar: 'Qual modelos produz felicidade?
“ Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...”

Aconselho a leitura desse Passeio Socrático do Frei Beto. Servirá, ao menos, para pensar a respeito de nos mesmos.
PROCUREM O ARTIGO NA INTERNET.

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